Conhecido pelo tom ácido de suas entrevistas, o peso-médio americano
Tim Kennedy, adversário do brasileiro Roger Gracie no UFC 162, em 6 de
julho, virou sua mira para a estrutura de pagamento do maior evento de
MMA do mundo. O lutador e sargento do Exército americano, que fará em
Las Vegas sua primeira luta pelo Ultimate após 12 anos de carreira e
lutas por organizações como IFL, WEC e Strikeforce, reclamou duramente
de como está sendo pago para o duelo com o carioca e lembrou que muitos
outros lutadores têm de trabalhar para se manter e não podem se dedicar
100% ao esporte.
- É patético que tantos lutadores (tenham de ter outros empregos). Sou
um de 3% dos caras no esporte inteiro (que não precisam), e seria dureza
sobreviver com o que eu recebo lutando. É bom eu ter outro emprego,
porque o UFC não paga muito bem - afirmou Kennedy, em entrevista ao
podcast "GrappleTalk".
As declarações de Kennedy ecoam com as opiniões do peso-leve John
Cholish, que se aposentou após sua derrota para Gleison Tibau no UFC no
Combate 2, em maio, e reclamou das dificuldades de se manter lutando
MMA. Na época, o presidente do UFC, Dana White, menosprezou as críticas
de Cholish, dizendo que ele recebeu a mesma chance e o mesmo início que
campeões como Anderson Silva e Georges St-Pierre receberam ao começarem.
Todavia, Kennedy chega ao UFC já como um lutador estabelecido, duas
vezes desafiante ao cinturão do Strikeforce e um dos atletas mais
populares do esporte nos EUA.
O sargento das Forças Armadas, que serviu no Iraque e no Afeganistão,
revelou que sua bolsa para o UFC 162 será de US$ 55 mil (cerca de R$ 120
mil), e que seu pagamento poderia subir até US$ 70 mil (R$ 152,8 mil)
com um bônus pela vitória. Contudo, após pagar despesas de treino,
exames médicos e equipe, Kennedy receberia apenas US$ 20 mil (R$ 43,6
mil), sem contar os impostos que ainda teria de pagar. Posteriormente à
entrevista, o lutador detalhou a divisão de sua bolsa: 13% em taxas de
academia, 12% para nutrição, 10% para seu empresário, 10% para seu
treinador, 8% em alojamento para sua equipe, 3% para exames médicos
requeridos para a luta e 3% em equipamento. No total, seria 59% de sua
bolsa de luta antes dos impostos serem deduzidos.
- Qualquer um que aceite isso como a "realidade do esporte" é triste e
patético. Eu espero que esta não seja a realidade do esporte. Se for, eu
provavelmente deveria fazer outra coisa, como limpar lixeiras. Eu
ganharia mais dinheiro do que ganho agora - disparou Kennedy.
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