Rodrigo
Minotauro e Fabrício Werdum se encontraram no ringue do Pride em julho
de 2006, pelo GP dos pesos pesados daquele ano, e o baiano levou a
melhor por pontos. Treze anos depois, os faixas-pretas se encaram na
jaula do UFC, no dia 8 de junho, no Brasil. Antes mesmo das feras
estrelarem o TUF Brasil 2, a TATAME os colocou frente a frente para uma
matéria histórica, onde os rivais trocaram as luvas por microfones e
atuaram como repórteres.
Desde
a luta pelo Pride, Minotauro venceu em seis das dez vezes que subiu em
um ringue, enquanto Fabrício acumulou oito vitórias em 11 combates.
“Werdum é um oponente de alto nível, melhorou muito desde a última vez
que lutamos. Tenho certeza que faremos uma luta muito boa”, avalia
Rodrigo, elogiando o oponente. “Ele é um lutador que tem base no
Jiu-Jitsu, como eu, mas comecei a treinar trocação antes dele. Então, na
luta que fizemos no Japão, fui melhor nessa parte. Ele melhorou a
trocação, mas ainda assim vou explorar esse lado. A pegada vai ser
essa”.
O gaúcho não esconde a admiração
pelo ex-campeão do UFC e Pride, mas promete deixar isso de lado para dar
mais um passo rumo ao sonho de se tornar o número um do mundo. “Essa
luta é uma das mais importantes da minha carreira. Meu objetivo é o
cinturão. Tenho que ganhar essa luta para disputar o meu sonho. O ano de
2013 vai ser grande para mim”, prevê. “O Minotauro foi um grande ídolo
para eu chegar até onde estou hoje”.
Confira o bate papo entre as feras.
Minotauro entrevista Werdum:
Qual é a verdadeira história por trás do seu apelido “Vai Cavalo”?
O que você acha que mudou desde a nossa primeira luta?
Mudou muita coisa, principalmente a experiência. Hoje em dia sou muito mais profissional também, e naquela época você estava no auge. Você era o cara a ser batido e eu estava iniciando minha carreira no MMA. Agora faço meus treinamentos corretos e estou mais completo. Eu era muito Jiu-Jitsu puro, não tinha nada de pé. Você está melhor na parte em pé também, evoluiu bastante no Boxe e tem aquela característica de andar para frente. Com você, é nocautear ou ser nocauteado.
Sente saudade dos campeonatos de Jiu-Jitsu?
Com certeza. Sinto bastante, e acho que todo mundo sente isso. Antes de uma luta de MMA eu fico ansioso, mas na época do quimono eu ficava nervoso. Todo mundo ficava um do lado do outro, aquecendo, aí olhava a chave e já via a sequência de oponentes. Foi uma época boa da minha vida, tenho ótimas lembranças. A final contra o Leo Leite e a diante do (Fernando) Tererê foram marcantes. Nessa última, ficamos uns cinco minutos nos encarando, ele passando de um lado para o outro, tocando em mim. Eu até pensava que ele estava fazendo macumba comigo (risos).
Como foi sua trajetória nas suas lutas até entrar no MMA?
Comecei a fazer Jiu-Jitsu quando tinha 20 anos, em 1998. No início, me espelhava em você, na parte de Jiu-Jitsu, e no Wanderlei Silva, na agressividade. O Wand dava espetáculo e você era aquele negócio de superação. Sempre apanhava muito, mas no final arrumava um jeito de finalizar e vencer. Nessa época eu falava para os meus amigos que um dia chegaria lá, mas eles não acreditavam por achar muito difícil. Eu confiava e treinava bastante. De tanta vontade, fui treinar com meu irmão na Espanha, mas queria tanto atuar que fui disputar um evento pequeno em Londres. Lutei lá pela primeira vez, e de camisa, porque ficava com vergonha de mostrar o físico (risos). Ganhei a primeira, empatei a segunda, apesar de ter espancado o cara, e venci na final. Eu quase pagava para entrar em combate. Depois disso entrei no ADCC, e nessa ocasião recebi um convite do manager do Cro Cop e conheci a Croácia. A minha quarta luta foi no Jungle Fight, e a quinta já entrei no Pride.
Como foi treinar com o Cro Cop e conhecer a Croácia?
A experiência foi boa demais. Aprendi bastante a parte da disciplina. De 2004 a 2006 eu era leigo e não seguia nada direito. E lá na Croácia, vendo o Cro Cop treinando, aprendi bastante. Lá eu ficava sozinho, morei longe de todo mundo, e isso foi importante para a minha carreira.
Qual foi sua melhor apresentação no MMA e no Jiu-Jitsu?
A do MMA foi contra o Fedor. Foi o ápice da minha carreira. Eu sempre digo que tive dois momentos especiais na minha vida: o nascimento da minha filha e a vitória contra o Fedor. No Jiu-Jitsu foram as lutas contra o Leo Leite e o Tererê, além de uma na faixa azul, quando ganhei no super pesado e absoluto, finalizando sete lutas.
Qual é seu maior arrependimento na carreira?
Não é arrependimento, mas é uma luta que não desceu legal foi contra o Overeem, no Strikeforce. Eu senti o overtraining. Não gosto de dar desculpa, mas aconteceu isso, porque a luta foi cancelada duas vezes e continuei treinando. A cabeça estava boa, mas o corpo não respondia. Essa é uma luta que tenho vontade de fazer de novo porque tenho certeza que se estiver 100%, consigo vencer.
Em quais regras seu jogo encaixa melhor, do Pride ou UFC?
Eu acho que nas do Pride. Eu gosto daquela coisa de joelhada na cabeça no chão, pisão… A do UFC corresponde à atualidade, melhor para os fãs mesmo, mas gostava do Pride. Mas em qualquer uma das coisas eu me encaixo perfeitamente.
Prefere o ringue ou a jaula?
Prefiro o octógono. A galera antes procurava muito a corda para derrubar e hoje em dia vão para o meio do octógono, para levantar o adversário.
Como foi a emoção de participar de um UFC no Brasil?
Foi um momento especial na carreira. Nunca tinha me sentido daquela maneira. Contra o Fedor foi aquela emoção toda, mas a torcida estava com ele. O brasileiro é diferente, é a melhor torcida do mundo, porque tem “ola”, galera gritando, no estilo futebol. A torcida me ajudou bastante na vitória contra o (Mike) Russow.
Quais as diferenças dos fãs brasileiros, americanos e japoneses?
O
japonês tem muito respeito pelos lutadores, ficam em silêncio. Eu
sempre digo que a torcida pode te fazer ganhar ou perder um combate. Às
vezes, quando você é vaiado, tenta fazer algo na afobação e acaba se
complicando. A torcida é fundamental. O americano respeita, mas não é
como o japonês. O brasileiro tem aquela euforia do futebol e é a mais
diferente de todas.
Werdum entrevista Minotauro:
Você
sempre foi conhecido pelo Jiu-Jitsu, mas tem dado atraso nos seus
adversários na trocação. Ficou com a mão mais pesada com o passar do
tempo?
Eu acho que a mão ficou mais pesada depois de velho (risos). O (Luiz Carlos) Dórea faz os camps com a gente, mas a gente treina muito bem com o Erivan Conceição e Edelson Silva, que estão aqui na academia sempre. Antes, o Dórea só vinha nos camps, e hoje em dias esses dois estão mais presentes.
Você vai lutar pela terceira vez no Brasil. qual foi a diferença entre as duas lutas que fez aqui?
Eu estava com receio da pressão da torcida, a responsabilidade, então consegui administrar melhor na segunda vez… Sem a responsabilidade de ganhar no Brasil, a segunda foi mais fácil.
O que aconteceu naquela luta contra o Frank Mir?
Eu estava com a tática de continuar batendo, mas mudei a estratégia para a finalização. O Herb Dean (árbitro) estava do meu lado, falando para eu não bater na nuca do cara. Eu bati mais um pouco, mas aquela situação me levou a mudar de estratégia e tentar a finalização. Achei que estava seguro, passei a mão no queixo dele e fiquei na guilhotina, mas ele rodou e me surpreendeu no contra-ataque em uma posição que eu faço muito bem. Mérito dele, deu no que deu.
Você não vai ganhar de mim (risos), mas uma vitória te colocaria no topo da categoria. Como vê essa situação, já que não enfrentaria o Cigano?
Essa é uma coisa que nem cogito, mas quero estar no topo. Tenho condições para isso, assim como você já está no Top 5. Quero me posicionar ali novamente. A segunda vitória seguida me coloca em uma posição muito boa.
Por já ter sido treinador de um TUF nos EUA, o que acha que foi diferente nessa edição no Brasil?
São histórias diferentes, pessoas diferentes. É mais fácil fazer um TUF no Brasil porque você conhece melhor os caras. Cheguei no TUF americano sem saber quem era quem, não escolhi os melhores atletas. Perdi parte da competição e virei na final, conseguindo fazer os dois campeões. Peguei uns caras que nunca tinha visto, e o Frank Mir já sabia quem eram todos que estavam lá. Já aqui eu conhecia alguns que estavam na seletiva, e sabia de uns cinco que escolhi para a minha equipe.
O camp do Team Nogueira é muito forte. É o melhor que você já teve na vida?
Sem dúvida. Eu também gostava muito daquela época da BTT, tinha um excelente time, mas em estrutura de time e treinamento, a gente está mais forte hoje em dia. Temos 12 pesos pesados, fisioterapeuta, nutricionista, fisiologista, treinadores… A gente está fazendo um excelente trabalho. Estamos cada vez melhores.
Qual habilidade e arte marcial você mais evoluiu do PRIDE pra cá?
Cara, por incrível que pareça, acho que um pouco de tudo. Estou mais forte fisicamente, meu Boxe está muito bom, até meu Muay Thai melhorou na parte da joelhada e cotovelo. No Jiu-Jitsu, estou me sentindo mais sólido.
Recuperação de uma cirurgia é algo muito delicado. Como você conseguiu ficar tão bem depois de problemas tão sérios?
Isso é treino, ter na cabeça que quer superar e acreditar nisso. Trabalhei em fisioterapia, tenho um excelente time em todas as etapas de recuperação depois da cirurgia com a Ângela (fisioterapia), Pavanelli (fisiologia), Everaldo (Jiu-Jitsu), Cunha (Muay Thai), Eric (Wrestling) e o Boxe com Eraldo, Edelson e Dórea. Eu acreditei que ia voltar, não tinha “será?” na minha cabeça.
O que você acha que vai mudar no MMA brasileiro depois do nosso TUF?
Somos competitivos, não gostamos de perder em nada. Temos muito respeito um pelo outro, viemos do Jiu-Jitsu e temos aquele negócio de respeito, tradição, quimono. Vamos tentar trazer isso para o público brasileiro. Somos pesos pesados, e tem todo aquele glamour, o pessoal gosta de ver. Vamos educar o brasileiro a assistir o esporte, mostrar um treinamento de alto nível e tentar descobrir novos talentos.
Eu acho que a mão ficou mais pesada depois de velho (risos). O (Luiz Carlos) Dórea faz os camps com a gente, mas a gente treina muito bem com o Erivan Conceição e Edelson Silva, que estão aqui na academia sempre. Antes, o Dórea só vinha nos camps, e hoje em dias esses dois estão mais presentes.
Você vai lutar pela terceira vez no Brasil. qual foi a diferença entre as duas lutas que fez aqui?
Eu estava com receio da pressão da torcida, a responsabilidade, então consegui administrar melhor na segunda vez… Sem a responsabilidade de ganhar no Brasil, a segunda foi mais fácil.
O que aconteceu naquela luta contra o Frank Mir?
Eu estava com a tática de continuar batendo, mas mudei a estratégia para a finalização. O Herb Dean (árbitro) estava do meu lado, falando para eu não bater na nuca do cara. Eu bati mais um pouco, mas aquela situação me levou a mudar de estratégia e tentar a finalização. Achei que estava seguro, passei a mão no queixo dele e fiquei na guilhotina, mas ele rodou e me surpreendeu no contra-ataque em uma posição que eu faço muito bem. Mérito dele, deu no que deu.
Você não vai ganhar de mim (risos), mas uma vitória te colocaria no topo da categoria. Como vê essa situação, já que não enfrentaria o Cigano?
Essa é uma coisa que nem cogito, mas quero estar no topo. Tenho condições para isso, assim como você já está no Top 5. Quero me posicionar ali novamente. A segunda vitória seguida me coloca em uma posição muito boa.
Por já ter sido treinador de um TUF nos EUA, o que acha que foi diferente nessa edição no Brasil?
São histórias diferentes, pessoas diferentes. É mais fácil fazer um TUF no Brasil porque você conhece melhor os caras. Cheguei no TUF americano sem saber quem era quem, não escolhi os melhores atletas. Perdi parte da competição e virei na final, conseguindo fazer os dois campeões. Peguei uns caras que nunca tinha visto, e o Frank Mir já sabia quem eram todos que estavam lá. Já aqui eu conhecia alguns que estavam na seletiva, e sabia de uns cinco que escolhi para a minha equipe.
O camp do Team Nogueira é muito forte. É o melhor que você já teve na vida?
Sem dúvida. Eu também gostava muito daquela época da BTT, tinha um excelente time, mas em estrutura de time e treinamento, a gente está mais forte hoje em dia. Temos 12 pesos pesados, fisioterapeuta, nutricionista, fisiologista, treinadores… A gente está fazendo um excelente trabalho. Estamos cada vez melhores.
Qual habilidade e arte marcial você mais evoluiu do PRIDE pra cá?
Cara, por incrível que pareça, acho que um pouco de tudo. Estou mais forte fisicamente, meu Boxe está muito bom, até meu Muay Thai melhorou na parte da joelhada e cotovelo. No Jiu-Jitsu, estou me sentindo mais sólido.
Recuperação de uma cirurgia é algo muito delicado. Como você conseguiu ficar tão bem depois de problemas tão sérios?
Isso é treino, ter na cabeça que quer superar e acreditar nisso. Trabalhei em fisioterapia, tenho um excelente time em todas as etapas de recuperação depois da cirurgia com a Ângela (fisioterapia), Pavanelli (fisiologia), Everaldo (Jiu-Jitsu), Cunha (Muay Thai), Eric (Wrestling) e o Boxe com Eraldo, Edelson e Dórea. Eu acreditei que ia voltar, não tinha “será?” na minha cabeça.
O que você acha que vai mudar no MMA brasileiro depois do nosso TUF?
Somos competitivos, não gostamos de perder em nada. Temos muito respeito um pelo outro, viemos do Jiu-Jitsu e temos aquele negócio de respeito, tradição, quimono. Vamos tentar trazer isso para o público brasileiro. Somos pesos pesados, e tem todo aquele glamour, o pessoal gosta de ver. Vamos educar o brasileiro a assistir o esporte, mostrar um treinamento de alto nível e tentar descobrir novos talentos.
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