Com um cartel perfeito de nove lutas e nove vitórias no MMA, o americano Chris Weidman
sonhou muito tempo com a oportunidade de enfrentar Anderson Silva.
Natural de Nova York, ele iniciou a carreira no esporte em 2009
inspirado pelo atual campeão dos pesos-médios do UFC, que na época já
estava em sua oitava luta pela organização e na 29ª de sua carreira.
- Eu sempre admirei o Anderson. Quando comecei minha carreira no
esporte, ele era tão bom, que eu dizia: "Se eu for para o MMA eu quero
ser tão bom a ponto de vencer esse cara". Eu imaginei esse duelo muitas
vezes na minha cabeça. É a realização de um sonho – disse o desafiante
em entrevista exclusiva ao Combate.com.
Weidman começou a despontar no UFC depois de sua quarta vitória seguida
na organização, em janeiro do ano passado. Na época, ele foi chamado às
pressas para substituir Michael Bisping no "UFC: Evans x Davis" e,
mesmo com apenas duas semanas de preparação, venceu o brasileiro Demian
Maia na decisão dos juízes. Mas foi no duelo contra Mark Muñoz, em julho
de 2012, que ele se tornou definitivamente um possível desafiante ao
título dos médios, ao se apresentar de forma contundente e ainda faturar
o prêmio de "Nocaute da Noite".
Depois da luta, Weidman afirmou que queria enfrentar Anderson, mas
acabou sendo deixado na fila de espera pelo Ultimate por não ter
vitórias suficientes sobre lutadores tops na divisão.
- Eu acho que provei naquele duelo contra o Mark Muñoz que eu era, ou
deveria ser, o desafiante ao título. Fiquei frustrado que ainda assim
ele (Anderson) não se interessou em me enfrentar, mas achei por bem
deixar isso no passado. As coisas acabaram se desenrolando de uma forma
que talvez tenha sido melhor - afirmou.
A tão sonhada chance ao título de campeão dos pesos-médios do UFC
finalmente chegou e Weidman enfrenta Anderson Silva no próximo sábado,
em Las Vegas, pelo UFC 162. Ao Combate.com, ele fala sobre a preparação
para o duelo, os recentes boatos de uma possível lesão e aproveita para
dizer porque tanta gente do UFC está torcendo por ele:
- Por mais incrível que o Anderson seja, muita gente não gosta dele,
inclusive no Brasil. Tem muita gente que quer que ele perca.
Combate.com: Estamos tão perto da sua luta agora… Como você está se sentindo?
Chris Weidman: Eu me sinto muito bem, feliz em poder voltar ao octógono. Fiz um excelente camp e acho que estou à altura desse desafio.
Na semana passada, surgiram alguns boatos sobre uma possível lesão sua. Está tudo bem com seu ombro?
Pois é… Não sei como isso surgiu e certamente foi de alguém que só
queria espalhar boato mesmo e não deve ter ido a nenhum treino meu,
porque eu treinei pesado todos os dias, ainda estou em final de
preparação aqui em Nova York, só chego em Vegas na segunda-feira à
noite. Enfim, não tem nada de verdade nisso. Meu ombro está 100% e eu
estou no melhor condicionamento físico da minha carreira.
Como foi a sua preparação para essa luta? Você treinou alguma coisa específica para enfrentar o Anderson?
Sim. Pela primeira vez na minha carreira, eu trouxe alguns caras novos
para o camp, tentei mudar algumas coisas, mas o foco mesmo foi o meu
treino de chão, o wrestling, que é no que sou bom. O Anderson é um
lutador muito completo, ele é muito perigoso, porque ele faz com que
você pague por cada erro que você comete dentro do octógono. É como se
ele ficasse esperando o primeiro deslize que você der para se aproveitar
disso. Vai ser o teste mais duro da minha carreira, mas eu estou
preparado para ele.
Todo mundo fala sobre a sua experiência no wrestling, mas você
também é faixa marrom em jiu-jítsu. O seu jogo de chão vai ser o
diferencial ou podemos esperar alguma surpresa?
Eu estou mesmo focado no jogo de chão porque, antes de ser um lutador
de MMA, eu era um wrestler. Mas é claro que eu não me descuidei das
outras áreas. Eu sei que o Anderson é bom em tudo, principalmente em pé,
mas ele mostrou algumas falhas em lutas passadas, principalmente no
chão, e é isso que eu vou tentar explorar.
O Anderson disse em algumas entrevistas que não se importa se
vai perder ou ganhar esse duelo, que ele quer mesmo é lutar e dar o seu
melhor. O que você achou desse discurso? Acha que faz parte do jogo
mental dele?
Acho que ele fala isso para tirar um pouco a pressão de cima dele. Ele
tenta ser humilde, modesto fora do octógono, mas eu não sou o tipo de
cara que se importa com o que se fala fora da jaula, não caio nesse
jogo. Quando você está no topo, a pressão para que você se mantenha lá
em cima é muito maior, porque todo mundo está querendo te derrubar, todo
mundo quer o seu lugar. Eu acho que a pressão que ele sofre para se
manter imbatível é muito maior do que a pressão que eu sofro. Eu sou um
desafiante com nove lutas na carreira, ele é um veterano tentando se
manter no topo aos 38 anos. E isso pesa muito.
Dana White disse nas últimas semanas que muitos lutadores do
UFC acreditam que você vai sair vitorioso desse duelo. Até Georges
St-Pierre disse que você vai derrotar o Anderson. Por que você acha que
tanta gente está do seu lado?
Eu acho que eu sou um lutador mais novo, com sangue novo e tenho um
jogo diferente do que o Anderson está acostumado. Eu não fico muito na
defensiva, não ando muito para trás, trago novos elementos e sou muito
mais perigoso do que as pessoas imaginam. E, por um outro lado, por
incrível que pareça e por mais incrível que o Anderson seja, muita gente
não gosta dele, inclusive no Brasil. Tem muita gente que quer que ele
perca.
Você disse em algumas entrevistas que toda vez que você fez um
treinamento completo na sua carreira, você finalizou a luta. Você vai em
busca da finalização?
Sim, sem dúvida. Eu sempre entro na luta buscando a finalização. Eu sei
que ele tem uma excelente defesa de quedas, mas o próprio Chael Sonnen
provou duas vezes que não é impossível levá-lo ao chão. Eu tenho certeza
de que vou conseguir derrubá-lo e, se eu ficar por cima, ele não vai
durar cinco rounds. Eu tenho muitos tipos diferentes de finalização, as
mais variadas possíveis. Se ele conseguir se defender muito bem de todas
elas, eu vou ficar muito surpreso.
Na sua entrevista pré-luta, divulgada pelo UFC, você diz que,
no dia 6 de julho, o Anderson Silva vai te respeitar como lutador. Você
se sentiu desrespeitado ou subestimado pelo Anderson?
Vamos dizer assim que ele não queria muito essa luta (risos), que ele
acha que eu não merecia a chance ao título, mas então quem merecia?
Estou invicto há nove lutas e eu acho que provei naquele duelo contra o
Mark Muñoz que eu era, ou deveria ser, o desafiante ao título. Fiquei
frustrado que, ainda assim, ele não se interessou em me enfrentar, mas
achei por bem deixar isso no passado. As coisas acabaram se desenrolando
de uma forma que talvez tenha sido melhor. E acho que ele sabe que eu
sou uma luta ruim para ele, porque não sou o tipo de cara que ele vai
espancar por cinco rounds.
É sim… Eu sempre admirei o Anderson. Quando comecei minha carreira no esporte, ele era tão bom, que eu dizia: "Se eu for para o MMA, eu quero ser tão bom a ponto de vencer esse cara". Eu imaginei esse duelo muitas vezes na minha cabeça. É a realização de um sonho, é a minha tão sonhada chance de me tornar campeão.
Conte alguma coisa que a maioria dos fãs brasileiros não sabe…
Essa é difícil. Eu acho que a maioria dos fãs brasileiros não sabe que eu sou bonzinho! (risos). Eles também não sabem que eu adoro açaí, feijão e farofa! Falando sério, eu não sou um homem de muitos segredos! E também não imaginei que teria a recepção que eu tive no Brasil. As pessoas foram muito amigáveis, muito educadas e eu fiquei muito feliz com isso. Espero voltar em breve para aproveitar um pouco mais, mas dessa vez com a minha família.
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