Uma luta entre Vitor Belfort e Lyoto Machida chegou a entrar nos planos do UFC, mas não foi adiante. O carioca acabou sendo escalado para enfrentar Dan Henderson em 9 de novembro, em Goiânia, e o baiano radicado no Pará encara Tim Kennedy no dia 6 do mesmo mês, em Fort Campbell. Durante os dias de repercussão em torno desse possível duelo brasileiro, Lyoto desafiou o compatriota, enquanto Vitor se manteve em silêncio. Ao Combate.com,
o Fenômeno enfim comentou o assunto. Ele disse que não falou sobre isso
antes porque estava de férias, garantiu que a luta nunca lhe foi
oferecida e não escondeu a surpresa pelo desafio:
- Fiquei muito surpreso com isso. Depois da luta dele no Rio (derrota
para Phil Davis), fui um dos poucos que o motivei e me dispus a ajudá-lo
com a minha visão. Inclusive, ele e seu irmão já ficaram em minha casa
no Rio por um tempo. Realmente não entendi por que me desafiar se ele
tinha tantas outras opções - afirmou, em entrevista por e-mail.
Belfort sempre foi muito criticado por defender a luta entre amigos ou
compatriotas, mas com a ressalva de que esteja em jogo um cinturão ou
seja parte de um torneio ou reality show. E o duelo contra Lyoto não se
encaixaria em nenhuma dessas duas situações:
- Se dois brasileiros chegarem a um momento onde terão que se enfrentar
para pegar o cinturão, como foi o caso do Anderson com o Thales Leites,
depois com o Demian Maia e comigo, tudo bem, até concordo. Estavam
todos atrás de um sonho, o cinturão. Agora, sem objetivo, lutar por
lutar, esquece!
Belfort também voltou a provocar Chael Sonnen,
dizendo que o falastrão americano deve estar aliviado por não ter de
enfrentá-lo, e afirmou que seu braço estará levantado ao fim da luta
contra Dan Henderson. Para o brasileiro, o resultado desse combate,
válido pela categoria dos meio-pesados (até 93kg), em nada vai
interferir na esperada disputa do cinturão dos médios (até 84kg), uma
vez que Vitor aguarda ansiosamente o vencedor de Chris Weidman x
Anderson Silva, no UFC 168. A seguir, veja a entrevista completa:
COMBATE.COM: A luta contra o Chael Sonnen não vai acontecer,
pelo menos por agora, mesmo com vocês dois vendendo bastante essa ideia.
Por que você acha que não foi para frente?
VITOR BELFORT: Acho que o UFC tem outros planos para ele agora. Ele acabou de lutar, e minha luta será em novembro. Ou seja, não teria tanto tempo para o Sonnen descansar, treinar e lutar logo em seguida. No fundo, acho que ele está aliviado e deu graças a Deus (risos).
O Sonnen disse que aceitou o seu desafio. Você acredita nisso?
Quem acredita?
Você também pediu essa luta contra o Henderson. Por que quer enfrentá-lo?
Acho que tem uma história. Já lutamos antes e seria bacana enfrentá-lo novamente.
O fato de você já ter perdido para o Dan Henderson (em 2006) é uma motivação extra para essa luta em novembro?
Na minha vida tudo sempre me motiva. Até quando algo não vai bem, fico motivado a dar o meu melhor para que aquela situação mude. Estava contando os dias para ouvir algo a respeito da minha próxima luta. Agora que fechamos, it is time to smash the grapes (em português: é hora de amassar as uvas).
Assim como você, o Henderson também tem um grande poder de nocaute. Essa luta é certeza de terminar com alguém nocauteado?
No dia 9 de novembro meu braço estará levantado para mais uma vitória.
Claro que ninguém pensa em derrota, mas você acha que o
resultado dessa luta contra o Henderson, mesmo sendo nos meio-pesados,
pode influenciar na disputa de cinturão dos médios que você tanto
espera?
Jamais.
O Lyoto pediu publicamente a luta contra você (vídeo acima). Ficou surpreso?
Fiquei muito surpreso com isso. Depois da luta dele no Rio (derrota para Phil Davis), fui um dos poucos que o motivei e me dispus a ajudá-lo com a minha visão. Inclusive, ele e seu irmão já ficaram em minha casa no Rio por um tempo. Realmente não entendi por que me desafiar se ele tinha tantas outras opções.
Você estava em silêncio sobre o Lyoto até agora. Algum motivo especial?
Fiquei em silêncio primeiro porque estava de férias, curtindo minha família em uma ilha paradisíaca. E a nossa regra é não ter acesso à internet e ao telefone. E foi isso que fizemos. Depois, o UFC em nenhum momento falou sobre esse oponente comigo.
O Lyoto também te provocou, dizendo que "filho teu não foge à
luta", em alusão ao que você disse quando aceitou enfrentar o Jon Jones
no UFC 152, no lugar dele. Como interpreta isso? Acha que ele levou para
o pessoal?
Sempre fui defensor de que brasileiros e amigos devem lutar entre si desde que seja pelo cinturão ou se participarem do TUF. Não faz sentido um brasileiro desafiar outro, sendo que, em um evento mundial como o UFC, existem atletas de diversas nacionalidades. Por que lutar contra um brasileiro se posso lutar contra americano, russo, japonês? Se dois brasileiros chegarem a um momento onde terão que se enfrentar para pegar o cinturão, como foi o caso do Anderson com o Thales Leites, depois com o Demian Maia e comigo, tudo bem, até concordo. Estavam todos atrás de um sonho, o cinturão. Agora, sem objetivo? Lutar por lutar? Esquece!
Qual Vitor você prefere: o dos médios ou o dos meio-pesados. Por quê?
Minha mentalidade é a do Carlson (Gracie, seu falecido treinador). Eu, bem preparado e focado, pode vir qualquer um de qualquer peso. Estou no esporte há 18 anos e no início só existiam duas categorias de peso, abaixo de 85kg e acima de 85kg. Foi quando fui campeão mundial do UFC (peso-pesado) pela primeira vez, com 19 anos. Tive que fazer duas lutas na mesma noite. Depois, em 2004, conquistei o cinturão dos meio-pesados. Minha história está feita, mas ainda não acabou. Sempre lutei porque amo, e em tudo o que faço busco a excelência.
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