Quando
desembarcou no Brasil em agosto de 2011, Dana White foi tratado a
pão-de-ló pelos políticos e pela mídia. O futuro do UFC por aqui era
promissor. Para estrear em grande estilo foi montado um card de peso.
Dana escalou parte da nata do UFC para o evento promovido em uma arena
do Rio de Janeiro. Naquele dia lutaram Anderson Silva, Maurício Shogun,
Forrest Griffin e Rodrigo Minotauro. Os ingressos para as lutas se
esgotaram em 40 minutos. Sucesso absoluto de público e mídia. O evento
exibido ao vivo na Rede Globo rendeu uma audiência bem superior ao
esperado.
Se
2011 e 2012 foram os anos em que o UFC tomou proporções gigantescas a
ponto de o Brasil ser apontado como o futuro principal mercado do MMA, o
primeiro semestre de 2013 serviu para Dana cair na real. Neste ano, o
reality show do UFC viu minguar a audiência e o programa exibido aos
domingos na Rede Globo agora corre risco de não chegar à terceira
temporada. Dana também tem penado para arrumar cidades com estrutura que
comporte o UFC. Um dia desses ele precisou apelar para Jaraguá do Sul,
uma cidadezinha catarinense de 140 mil habitantes que quase não tem
hotéis, mas onde a maior atração é um ginásio de ponta.
As
investidas do UFC para promover eventos em grandes estádios de futebol
nunca saíram do papel e pelo visto jamais sairão. Dana sabe que seria
um fiasco ter um estádio vazio como palco das lutas. A única maneira de
lotá-lo seria com um card tão espetacular quanto aquele montado no UFC
Rio 1. Mas isso tem se mostrado cada dia mais improvável. E a culpa nem é
do Dana e sim da burocracia brasileira.
Pouco
tem se falado, mas atletas gringos e até mesmo nacionais preferem lutar
nos Estados Unidos porque aqui eles perdem muito mais dinheiro com
impostos. Isso tem atrapalhado os planos do UFC no Brasil. No último fim
de semana, Dana promoveu o quarto evento numa arena do Rio. Ao
contrário de outras edições, dessa vez quase nenhum artista deu a cara
por lá e, pior, sobraram quase 3 mil cadeiras vazias das 16 mil
espalhadas pela arena que serviu de palco das lutas. O card meia boca do
fim de semana passado é reflexo da dificuldade em convencer atletas
renomados a lutar no Brasil. E isso está irritando parte da cúpula que
dirige o UFC.
No Brasil, lutadores estrangeiros e os daqui perdem 27,5%
da bolsa assim que recebem o cheque do UFC. Um desconto automático e
sem volta na hora do pagamento. Nos Estados Unidos também se paga
imposto, mas bem menor. Anderson Silva perde cerca de 18% da bolsa
quando luta fora do Brasil, me disse seu empresário Jorge Joinha
Guimarães. "Meu atletas têm visto para trabalhar na América e os gastos
com treino e viagens acabam descontadas do imposto de renda por lá, por
isso, na prática, eles perdem uns 18% com essas taxas e só precisam prestar conta ao fisco no fim do ano", explicou Joinha.
Hoje
em dia quase todo brasileiro contratado pelo UFC tem visto de trabalho
americano ou green card. Ou seja, tanto para atletas nacionais quanto
para os gringos é bem mais lucrativo lutar nos Estados Unidos.
Dana
está mirando o alvo do UFC para mercados promissores e bem menos
burocráticos do que o Brasil. A Ásia é o próximo grande alvo. O
continente que é berço da maioria da artes marciais só recebeu neste ano
um único UFC, mas Dana planeja conquistar em breve a China, o Japão,
índia e Malásia. Sinal de que logo mais perderemos o posto de segundo
maior mercado do MMA.
Restam
três UFCs no Brasil neste ano. Todos em ginásios pequenos e sem grandes
estrelas. Ninguém quer perder dinheiro, afinal as bolsas não são grande
coisa e um atleta não luta mais do que quatro vezes num ano. Faltam
bons salários, estrutura decente e menos burocracia para o MMA seguir
forte como esporte mais arrebatador do Brasil no dias de hoje.
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