22 de setembro de 2013, um dia que ficará marcado na memória de cerca
de 500 pessoas que prestigiaram o inusitado MMA de anões no Balneário
Curió, no município de Sena Madureira, que fica localizado a 144km de
Rio Branco, capital do Acre. Um evento que teve de tudo e o principal
foi mínimo. Entre lutador bêbado, ringue com chão de terra, torcedor
'pendurado' em árvore, 'banheira com sabonete' e muito funk, apenas uma
luta foi disputada. E em um minuto ela terminou. Após um começo com
trocação e equilíbrio, Nó de Pau desistiu após o término do segundo
round e Sucuri do Macauã conseguiu manter o 'cinturão'
A equipe do GLOBOESPORTE.COM/AC saiu de Rio Branco e demorou cerca de
duas horas para chegar à cidade que tem cerca de 38 mil habitantes.
Depois de enfrentar uma estrada cheia de buracos e um pequeno ramal,
chegamos ao destino final: Balneário Curió, que fervilhava em animação.
Era 17h30m quando a principal atração do evento começou. Em uma tarde
com sensação térmica de quase 40°, a torcida se aglomerava em volta do
ringue improvisado com cordas e com um humilde chão de terra. Não
obstante ao espaço pequeno, tinham torcedores 'pendurados' até nas
árvores para acompanhar os duelos. Um cenário pouco ideal para uma luta.
Nada ideal para qualquer esporte. Mas era ali que Nó de Pau, um anão de
1,40m de altura e 50kg, tentava a revanche contra Sucuri do Macauã,
1,42m de altura e o mesmo peso.
Foi um duelo de titãs. Aliás, foi um embate para lá de inusitado. Antes
do início, porém, a organização explicou como as lutas seriam
disputadas: cinco rounds de 30 segundos cada. No primeiro, Nó de Pau e
Sucuri não quiseram nem saber de estudar um ao outro. Partiram para a
trocação e o equilíbrio predominou. Após o segundo round, porém, o
estivador Nó de Pau alegou que machucou o braço em uma das cordas do
ringue e desistiu, dando a vitória ao adversário.
O evento seguiria com mais uma luta, mas o terceiro anão, o Pantera
Branca, não estava em boas condições fisiológicas. O lutador anão de
1,35m de altura e 69kg - visivelmente acima do peso - exagerou na dose
(literalmente), aproveitou a festa e o resultado não poderia ser outro:
não teve condições de entrar no ringue, sendo a luta cancelada.
A torcida, que estava em clima de festa, pouco se importou. Antes do
MMA, foi realizada uma brincadeira em uma 'banheira' com dançarinos e
sabonetes, tendo a participação do público. E depois da luta, ainda deu
tempo para a apresentação do grupo Explosão do Funk.
Bebidas alcoólicas preocupam organizador
Idealizador do projeto do MMA entre os anões de Sena Madureira, o
radialista Jota Cavalcante se mostrou preocupado com o excesso de
bebidas alcoólicas que os três lutadores têm ingerido nos últimos meses.
Cavalcante contou que quer levar o projeto em diante, mas enfrenta uma
dura realidade.
- A gente pretende continuar, mas tenho um problema muito grande no
momento na questão do alcoolismo. Eles bebem muito e eu tenho
dificuldade nessa parte. Vou trabalhar para afastá-los do álcool para
que a gente possa dar sequência nesse evento. O resultado é
satisfatório, o público gosta e sempre lota.
Essa é a oitava vez que o MMA de anões é realizada no interior do
estado - uma em Santa Rosa do Purus, duas em Manoel Urbano e cinco em
Sena Madureira. O evento é protagonizado por José Carlos da Silva, o Nó
de Pau, 39 anos, que trabalha como estivador no porto fluvial de Sena;
Evaldo da Silva, o Sucuri do Macauã, 40 anos, peão de fazenda; e Jair
Farias Ribeiro, o Pantera Branca, 43 anos, sonoplasta da Rádio Difusora
Acreana do município.
- Tivemos uma ideia para chamar a atenção e então a coisa 'pegou'. Nós
passamos 12 anos parados e retomamos nos últimos anos, quando surgiu a
internet e a tecnologia mais avançada. Foi aí que resolvemos fazer
novamente e a coisa ganhou expansão concluiu Jota Cavalcante.
O próximo evento ainda não tem data certa, mas a intenção é que volte a
ser realizado. Entre socos e chutes de pequeno grande homem, a
esperança é que o MMA de anões não perca a essência.
Pela primeira vez, o entregador Geovane da Silva, de 25 anos,
acompanhou uma luta entre anões. O torcedor não escondeu o entusiasmo e a
empolgação com o duelo deste domingo e aprovou a iniciativa.
- É um evento diferente, muito legal. É a primeira vez que venho porque
nosso município e o Acre não tem muitas coisas para prestigiar. Estava
torcendo pelo Nó de Pau, mas ele decepcionou - comentou.
Idinale Meireles, 23 anos, gerente de um hotel do município, prestigiou
o evento pela segunda vez e não se decepcionou. Saiu satisfeita com a
vitória soberana de Sucuri do Macauã.
- É uma programação muito legal para nossa cidade, desenvolve mais a
cultura, essas coisas. Tipo a grande festa e alegria das pessoas me
contagia. Nós já esperávamos a vitória do Sucuri, porque na última luta
ele foi o campeão - finalizou.
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