A inesperada derrota de Anderson Silva para Chris Weidman no UFC 162,
em julho, serviu para que os treinadores do Spider enxergassem alguns
erros que antes passavam sem ser notados. Além de detalhes da parte
técnica, a parte física também sofreu algumas alterações. Preparador
físico do brasileiro há oito anos, Rogério Camões contou que o foco do
trabalho feito para a revanche foi a explosão, bem como a velocidade:
- Para esta luta eu busquei melhorar muito o Anderson na questão da
velocidade, deixar o Anderson mais explosivo e mais rápido. O nosso camp
foi feito praticamente todo aqui nos EUA, na academia dele, a Muay Thai
College, e foi uma coisa privada para a gente treinar. Tem um espaço
físico e equipamentos muito bons. Tive a liberdade de desenvolver um
trabalho muito específico com o Anderson, justamente pela calma de estar
aqui e cuidando só dele, pois não tinha mais nenhum atleta envolvido. E
eu também não estava dentro da minha academia (XGym), então fiquei
focado no trabalho com o Anderson. Isso nos ajudou muito. Consegui com
que o Anderson viesse para esta luta mais explosivo e mais potente. É
impressionante. Estou muito satisfeito com o trabalho - disse em
entrevista ao Combate.com.
Aos 38 anos, Anderson ainda tem uma condição física de dar inveja a
muito lutador que está começando. Para Rogerão, a vida regrada é um
diferencial. E o preparador acredita que o revés sofrido para Weidman
tornou o Spider um atleta completo:
- Ele é diferenciado porque se cuida. Qualquer atleta que se cuida
muito, como o Anderson, se torna um atleta diferenciado a partir do
momento em que chega numa idade avançada para a luta. O Anderson é um
cara muito experimentado. Já lutou várias vezes cinco rounds. Isso é
muito importante para o lutador, saber até onde ele vai e qual a
capacidade que tem. Ele também é um cara experimentado no sentido da
adversidade, por exemplo como mostrou contra o Chael Sonnen, quando
virou a luta depois de passar por uma grande dificuldade. Hoje ele é um
cara completo. Essa derrota fez com que o Anderson se tornasse um cara
completo em todos os sentidos da luta. Acredito que isso fez com que ele
se preparasse tão bem para esta luta. Ele está renovado. Como ele
falou, se reinventou de cabeça erguida.
Rogerão, que convive com Anderson e o conhece muito bem após anos de
parceria, disse que a perda do cinturão tirou um grande peso das costas
do ex-campeão e que o foco dele não é reconquistar o título, e sim
derrotar Weidman e mostrar do que é capaz:
- Ele está motivado. Não vejo ele mordido. Vejo ele buscando o que era
dele, consciente do que aconteceu na outra luta. Ele vem para lutar
sério, decidido a ganhar. O mais importante para ele acima de tudo é a
vitória. Durante esse período todo ele buscou a essência, os princípios
do Anderson lutador. E ele está entrando como o Anderson lutador desta
vez. Ele não é mais o campeão, e isso tirou um peso das costas dele e
trouxe o Anderson para a realidade dele. Buscou a motivação de ser um
lutador, de ir lá, de buscar e vencer. Não é o cinturão em jogo, é
mostrar todo o potencial dele nas artes marciais. Isso é fundamental.
Ele está bem tranquilo e muito focado.
O preparador físico ainda deu seu palpite a respeito do futuro do
Spider. Vai se aposentar após o UFC 168? Vai fazer a superluta contra
Roy Jones Jr.? Vai enfrentar Vitor Belfort?
- Pela minha proximidade com ele, acho que a vontade dele para depois
desta luta é enfrentar o Roy Jones. É um direito que ele tem fazer essa
luta, independentemente de ganhar ou perder. Na minha opinião seria
muito legal realizar esse sonho. Ele já fez muito. Já provou tudo o que
tinha que provar e vai provar mais uma vez. Ele tem que escolher o
futuro dele, se vai parar, se vai enfrentar Roy Jones, ou o Vitor
Belfort. No momento ele não está pensando nisso. A cabeça dele está
focada no Weidman. Depois ele vai falar que só quer descansar.
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