quarta-feira, 19 de março de 2014

Após sofrer segundo AVC, lutador de MMA anuncia aposentadoria

Fabio Defendenti seletiva TUF Brasil II MMA (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)

O primeiro susto foi no fim de 2012. Durante um treino, o lutador de MMA Fábio Defendenti sentiu fortes dores de cabeça, dormência no lado direito do rosto e foi internado por causa de um acidente vascular cerebral (AVC). O tempo passou, Fábio retomou sua rotina e voltou a treinar. Mas aí veio um novo contratempo. Na última sexta-feira, o atleta foi novamente internado por causa de um AVC.

Resultado? Aos 30 anos, Fábio Defendenti está decidido a se aposentar como lutador profissional.

- Pensei que poderia voltar a lutar depois do AVC de 2012, mas agora aconteceu de novo. Estou aqui, no hospital, internado e estou decidindo que é melhor parar. Não vou mais lutar. Minha família me aconselhou a fazer isso, e eles estão certos. Deus está me dando uma segunda chance - explicou Fábio.

Além dos conselhos de familiares e amigos, Defendenti revela outra razão que o fez desistir dos sonhos como lutador dentro do octógono.

- Minha esposa está grávida de três meses. Vou ser pai de um menino e não posso correr mais riscos. Meu filho precisa de mim. Isso foi o que mais pesou - revela Fábio, que também é agente municipal de trânsito de Vila Velha.

Sem remédio

Consciente do sério problema que teve, Fábio não esconde que o acidente da última semana tenha relação com sua falta de preocupação recente com a própria saúde.

- Fiquei 20 dias sem tomar o remédio prescrito pelo médico porque achei que estava bom. Agora terei que ter um acompanhamento mais rígido - esclarece o agora ex-lutador, que fez e venceu sua última luta em julho de 2012, no Jungle Fight 41, um dos mais tradicionais eventos de artes marciais do Brasil.

Como o lutador estava sem tomar os remédios específicos para evitar o AVC, os médicos que o atenderam estão realizando exames para saber se os problemas da última semana têm alguma relação com o fato de Fábio ter voltado a treinar.

Com alta prevista para sexta-feira, Fábio, que é formado em Educação Física e especialista em jiu-jítsu, já faz planos para os futuros dele e do filho.

- Agora penso em virar treinador. Torço para que meu filho seja lutador e continue a história que comecei.

'Medicação não podia ter sido suspensa', diz médico

Quando teve o primeiro AVC, Fábio Defendenti foi até São Paulo em busca de um diagnóstico mais preciso e se consultou com o neurologista Roberto Hirsch, do Hospital Albert Einstein. Quase um ano depois, o médico que o atendeu comentou o novo drama vivido pelo lutador.

- Fábio se consultou comigo uma vez e minha opinião, naquela momento, era que ele poderia voltar a fazer atividades de forma moderada. Assim como os médicos que o atenderam primeiramente haviam falado, não podemos dizer que o problema atual tenha relação com o fato de ele estar lutando de novo - explicou o neurologista, que também comentou sobre o risco de não tomar a medicação de forma correta.

- Em casos como o dele, a medicação não podia ter sido suspensa. O correta é mantê-la por pelo menos dois anos. Não posso dizer qual foi a causa, mas o fato de ele estar sem tomar a medicação pode ter influenciado para a ocorrência de um novo AVC - concluiu Roberto Hirsch.

PRIMEIRO AVC

Em dezembro de 2012, Fábio Defendenti sentiu-se mal durante um treino, com fortes dores de cabeça, dormência no lado direito da face e visão prejudicada. Por dois dias, o lutador procurou vaga em hospitais públicos até conseguir ser internado.

VOLTA À ROTINA

Três meses depois do AVC, Defendenti voltou a treinar, com a recomendação médica de não praticar esportes de alto impacto.

NOVO AVC

Na última sexta-feira, novamente durante um treino, desta vez de jiu-jítsu, o lutador sentiu dormência no braço e na língua. Foi procurar atendimento médico, que constatou a ocorrência de três AVCs. Ele admitiu que, por estar se sentindo bem, há cerca de 20 dias havia deixado de tomar a medicação prescrita para prevenir a ocorrência do problema.

Sem comentários:

Enviar um comentário