quinta-feira, 24 de julho de 2014

Brown: do vício em heroína à luta que pode valer a chance ao título do UFC

Matt Brown vibra com vitória sobre Chris Cope no UFC 143 (Foto: Getty Images )

Adversário de Robbie Lawler no UFC deste sábado, que acontece em San Jose, nos EUA, Matt Brown carrega o apelido de “Imortal”, que o remete a um dos episódios mais trágicos de sua vida pessoal. Antes de iniciar carreira como lutador profissional, Matt teve que vencer uma dura batalha contra o vício em drogas e álcool. Aos 20 anos de idade, o atleta tinha apenas uma sacola de roupas e costumava dormir de favor na casa de amigos. Ele era viciado em heroína e passou por tantos momentos difíceis que quase chegou a perder a vida.

- Em um determinado momento, eu fui muito longe. Tive uma overdose de heroína e fui parar no hospital. De acordo com os médicos, eu estava clinicamente morto há cerca de um minuto. Eu não acho que alguém poderia ter passado pelo que eu passei e estar aqui onde estou agora - disse o lutador ao UFC.

Depois daquela noite, quando chegou literalmente ao fundo do poço, os amigos de Brown o apelidaram de “Imortal”, nome que ele, posteriormente, trouxe para a sua carreira como lutador. Naquele momento, o atleta de Ohio sabia que precisava mudar sua perspectiva de vida:

- Naquela época, quando eu era viciado em drogas e ia para festas o tempo todo, tudo o que eu fazia era chegar ao limite extremo. Hoje eu tento levar algo positivo ao extremo. Ainda sou a mesma pessoa, só tento direcionar essa energia de uma forma positiva.

Em entrevista ao Combate.com por telefone, o lutador, que hoje tem um cartel de 21 vitórias e 11 derrotas, relembrou seus primeiros passos no MMA logo após o episódio e contou que entrou no mundo das lutas por acaso.

- A minha primeira luta aconteceu de uma forma não muito convencional. Eu fui lutar em um campeonato local onde não havia Comissão Atlética ou nada disso. Assinei para competir assim que cheguei no local. Nunca tinha treinado na vida, mas venci e continuei vencendo nas lutas seguintes, até que, finalmente, apanhei muito em um duelo que eu perdi feio. Isso me ensinou que eu precisava treinar em uma academia. Naquela época, eu achava que estava fazendo o meu trabalho direito, mas quando fui para a academia, foi lá que realmente entendi o que era MMA e o que era lutar. Lembro que disse aos meus treinadores que eu queria seguir essa carreira e perguntei o que precisava fazer para realizar esse sonho. Venho seguindo o que eles disseram e lutando como profissional desde então.

A vida de Matt no MMA mudou da água para o vinho em 2008, quando ele foi um dos escolhidos para integrar o time de Forrest Griffin no “The Ultimate Fighter 7”, nos EUA. Dentro do programa, o atleta venceu duas lutas e perdeu a última, mas ainda assim teve a chance de participar do card da final contra Matt Arroyo, um participante da edição anterior do reality show americano. A vitória por nocaute técnico abriu definitivamente as portas no UFC, onde ele já lutou 17 vezes, tendo 12 vitórias e cinco derrotas. Sobre o tempo que passou na casa do TUF, o lutador diz ter boas e más lembranças, mas afirma que a experiência valeu a pena.

- Eu aproveitei a experiência, mas não acho que é para todo mundo. Ficar trancado em uma casa por seis semanas com outros caras contra os quais você vai competir não é algo divertido. Eu venci duas lutas e perdi a terceira, então fiquei apenas uma semana na casa depois de perder a luta. Passei cinco das seis semanas treinando, então para mim não foi ruim. Eu estava focado o tempo todo e me senti mal pelos caras que perderam logo na primeira semana. Quando você não tinha uma luta para se preparar, era a coisa mais chata e entediante da vida. Mas eu acho que pode ser uma experiência muito positiva se você souber aproveitar. Você tem a chance de treinar com treinadores de alto nível.  Eu tinha o Forrest Griffin e estava me acostumando a treinar com profissionais do calibre dele,  além de estar nessa atmosfera maluca, entender como realmente funciona um camp. É uma experiência positiva se você olhar o todo.

Brown enfrenta no sábado à noite o atual primeiro colocado do ranking dos meio-médios do UFC, Robbie Lawler, por uma chance de disputar o título contra o campeão Johny Hendricks.  Vindo de uma sequência de sete vitórias, sendo seis delas por nocaute ou nocaute técnico, o atleta deixou toda a escuridão e os momentos difíceis no passado e agora só quer focar em "luz". Tanto é, que um de seus passatempos preferidos hoje é cuidar do pequeno jardim que ele cultiva em sua casa:

- Gosto de cuidar do meu jardim. Tenho uma pequena horta em casa que eu cultivo com morangos, tomates, vegetais e frutas em geral. Gosto de mexer com a natureza e focar no que me faz bem - finaliza.

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