Jones queria vencer Cormier em sua principal especialidade: o wrestling

Campeão meio-pesado do Ultimate, Jon Jones conquistou a 21ª  vitória de sua carreira na madrugada deste domingo, ao derrotar Daniel Cormier na luta principal do UFC 182, em Las Vegas. Com o triunfo, "Bones" não só bateu o recorde histórico de defesas de título bem-sucedidas de sua divisão de peso, como fez isso anulando o jogo de "DC" na maior especialidade do adversário: o wrestling.

Em entrevista coletiva logo após o evento,o lutador admitiu que queria superar o arquirrival no chão para ganhar a simpatia da comunidade de wrestling. Ex-campeão mundial da modalidade, o atleta da AKA (American Kickboxing Academy) foi o capitão do time americano nas Olimpíadas de 2008 e, até hoje, é considerado um dos lutadores mais condecorados do esporte.

- Meu treinador de wrestling me disse que, em todos os lugares que ía, todo mundo estava torcendo por “DC". Então, o nosso objetivo era entrar lá com confiança no nosso wrestling para derrubá-lo, pois, assim, eu conquistaria o respeito da comunidade.  Eu o estudei tanto, assisti a tantas de suas lutas, que passei a absorver o seu talento inconscientemente. Muitas vezes, você me vê fazendo exatamente o que meus oponentes fariam contra mim e foi assim hoje. Estou orgulhoso de dizer que esse time está intacto. Senti que nós fomos os “Reis do Sacrifício” esta noite - disse, fazendo referência à camiseta utilizada por Cormier ao adentar a arena, que trazia a frase "King of the Grind". Wrestlers se orgulham de valorizar o trabalho duro e a superação de obstáculos e "DC" fazia referência a isso em sua roupa quando caminhava para o octógono.

Jones também afirmou que parte de sua estratégia mental para vencer o combate era não temer as quedas do adversário. Apesar de diversas tentativas durante os cinco rounds, Cormier não conseguiu levar o campeão para o chão de forma efetiva.

- Cheguei à conclusão de que eu marcaria o tom do duelo, se conseguisse a primeira queda. Acho que o Daniel utilizou toda a sua energia na certeza de que me quedaria. Como eu disse, se você não tem medo da morte, ela não tem poder sobre você. Foi assim que encarei isso. Não tive medo de ele me derrubar e me sinto bem por ter conseguido quedá-lo e por tê-lo segurado contra a grade. Tenho certeza de que muitos fãs não gostaram, mas o meu trabalho não é necessariamente agradar a eles. Meu trabalho é vencer a luta, não importa qual tática eu tenha que usar.

Curiosamente, foi dizendo que poderia derrubar "DC" que Jones ganhou a total antipatia do lutador no dia em que se conheceram. Desde então, as rusgas entre eles só aumentaram e chegaram até às vias de fato durante um evento promocional do UFC no lobby do MGM Grand, em agosto passado.

O ódio declarado de um ao outro perdurou durante toda a semana e ficou ainda mais evidente dentro do octógono do UFC 182. Ao final do quinto round, Jones tentou comemorar a vitória antes do soar do gongo. Cormier não gostou e partiu para a trocação. Os dois trocaram golpes além do soar da sirene e um deles, inclusive, atingiu o árbitro Herb Dean.

- Eu coloquei as mãos para cima e me surpreendi que o Daniel não me atacou. Quando eu percebi que ele tinha baixado a guarda, eu soltei dois golpes antes do soar do gongo e, depois disso, ele soltou alguns golpes quando o sinal já tinha tocado. Ele não me acertou, mas quase acertou o Herb Dean. Foi por isso que fiz aquele gesto ali no final, porque ele tentou me acertar depois que a sirene tinha tocado - explicou.

Apesar de deixar claro que continua não gostando de Cormier, o campeão reconheceu os pontos fortes do oponente no duelo:

-  Achei que "DC"  teve uma performance muito boa hoje. Meu lábio está inchado, meu olho também, foi uma luta de cinco rounds interessante e movimentada. Como um atleta, como não respeitar um cara como esse? - finalizou.