Com um cartel de 23 vitórias e sete derrotas, Rafael venceu oito de suas últimas nove lutas e sabe que o duelo contra Pettis será o teste mais importante de sua carreira. O carioca, inclusive, já indica qual será o caminho para derrotar o campeão.
- Acho que se deixar o Pettis muito solto, sem pressão, ele começa a soltar aqueles chutes, que são muito perigosos. O Anthony é um cara bem criativo e acho que, se chegar junto e não deixá-lo respirar, botando pressão contra ele na grade, metendo a mão dura em cima, isso vai intimidá-lo um pouco. O jeito é fazer o meu jogo e andar para frente, que é o que eu vim fazendo nas últimas lutas.
O atleta da Kings MMA ainda falou sobre lesões, a mudança de empresário e a sua indicação ao "Oscar do MMA". Confira abaixo:
Combate.com: Qual foi a primeira coisa que passou pela sua
cabeça quando você recebeu a notícia de que a luta contra Anthony Pettis
finalmente havia sido marcada?
Dos Anjos: Quando eu recebi a notícia, a primeira
coisa que veio à minha cabeça foi o Bruce Buffer me anunciando como o
novo campeão, então eu acho que isso é só questão de tempo. Quando Deus
escreve, é só questão de tempo. Eu vou fazer a minha parte, vou treinar
duro e, com certeza, essa cinta vai ser nossa.
Como você analisa o Anthony Pettis campeão?
O Pettis é um grande campeão, vem de uma sequência forte, finalizou
dois ex-campeões, o Melendez, que é muito duro e dispensa comentários, e
o Ben Henderson. Ou seja, ele vem em um ritmo muito forte, é um cara
novo e excelente, bem criativo, completo, nocauteia, finaliza, mas eu
acho que a hora dele já deu, agora vamos deixar uma fatia do bolo para
um brasileiro, né?
Na luta contra o Gilbert Melendez, o Pettis teve dificuldades
no primeiro round, devido ao volume de jogo do adversário. Como você
enxerga o jogo dele? Acha que esse é o caminho para derrotá-lo?
Eu vejo buracos no jogo dele. O Pettis é um ser humano comum, comete
erros e já perdeu. Eu vi vários erros no jogo dele, mas se eu apontar
quais são eu vou estar "entregando o ouro para o bandido", então eu sei
que o meu volume de jogo vai ser importante. Não sei como essa luta vai
terminar, mas uma coisa eu tenho certeza, essa luta não vai para a
decisão. Vou treinar para finalizar ou em pé ou no chão. Não sei como
vai ser, mas vou ganhar.
Como você disse, esta será a sua quinta luta em pouco mais de
um ano. Como fazer para se manter saudável e competindo nesse ritmo sem
lesões?
É bem complicado. Na luta contra o Nate Diaz, eu não me machuquei
durante o combate, mas eu já estava machucado antes. Eu treinei muito
chute e acabei machucando o pé. Fui para a luta machucado e dei aquele
monte de chute, então ainda estou um pouco dolorido. Mas vou ter 10
semanas para me recuperar e já estou quase 100%. O problema nem é só
machucar, é você ficar saturado do treino. Às vezes, quando chega muito
perto da luta, você não quer mais nem ir para a academia, porque não
aguenta mais o clima de treino. Eu acho que a saída para essa luta
contra o Pettis vai ser esse início, essas duas semanas iniciais. Vou
fazer tudo sem pressão. Vou fazer o que eu gosto, treinar de quimono,
treinar coisas que eu tenho prazer. Vou fazer um treinamento bem
inteligente para esse duelo, porque estou vindo de um ritmo forte, então
não posso dar bobeira e me machucar.
Você é oriundo do jiu-jítsu, mas teve uma evolução muito grande
em pé, principalmente no ano passado, com as vitórias sobre Jason
High, Ben Henderson e Nate Diaz. Como você explica essa transformação?
Eu acho que a mudança para os EUA influenciou muito e eu tomei gosto de
treinar em pé. O Rafael Cordeiro é um cara que me motiva muito e que
tem um jeito de ensinar muito legal, não é muito repetitivo, é um cara
que está sempre para cima. A aula do Rafa todo dia é diferente, não tem
aula igual. E eu acho que isso é uma das coisas que me motiva muito a
treinar em pé, mas tem a autocrítica forte também. O detalhe para você
querer se desenvolver numa modalidade é gostar daquilo. E eu gosto muito
de treinar em pé, gosto de boxe, de muay thai e tenho gostado mais até
do que o jiu-jítsu, porque a arte suave eu já treinei a vida inteira,
agora tenho gosto de aprender coisas diferentes.
Você trocou de empresário recentemente e agora está com o Ali
Abdelaziz. Ele também é o manager do Khabib Nurmagomedov que, aliás,
está ali no topo da divisão peso-leve, brigando por uma disputa de
título. Como é ter o mesmo empresário de seu ex-rival?
O Ali é um cara que entrou na minha vida só para somar, está me
ajudando demais. Desde que eu comecei a trabalhar com ele, as coisas
aconteceram de forma muito mais rápida na minha vida. Mas é isso, a
gente já conversou e, se eu tiver que enfrentar o Khabib, não tem
problema. E eu acho que isso vai acontecer, porque não vou morrer com
essa derrota. O Khabib, às vezes, até dá uma curtida nas coisas que eu
posto no Instagram. O Ali diz que ele é gente boa, mas eu digo que só
vou virar amigo do Nurmagomedov depois que eu ganhar dele. Agora não sou
amigo, não (risos). O Ali até diz que vai arrumar uma boa grana de
patrocínio para nós dois e que vai assistir ao nosso duelo de casa, que é
pra gente se entender no octógono (risos).
Você e o Rafael Cordeiro estão concorrendo ao "MMA Awards
2015", que é considerado o "Oscar do MMA". Você pode falar um pouco
sobre isso e sobre o que essa indicação representa para você?
O Rafael Cordeiro está concorrendo a treinador do ano e é mais do que
merecido. O Werdum trouxe o cinturão dos pesados, vários outros talentos
estão aparecendo lá na academia e, agora, eu vou ter essa chance de
lutar pelo cinturão dos leves, então é mais do que merecido ele levar
esse título. Quanto à minha indicação, é a azarão do ano, então é uma
situação engraçada. Quando eu posto isso nas redes sociais, as pessoas
falam que não vão votar em mim porque não achavam que eu era o azarão,
que eu tinha condições de ganhar. Mas mesmo assim eu quero ganhar...
vamos lá galera, me dá uma força aí porque quero ganhar esse prêmio
(risos).
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