segunda-feira, 16 de março de 2015

Rafael Cordeiro: "Com certeza foi a maior atuação da vida de Dos Anjos"

Rafael dos Anjos UFC 185 (Foto: Getty Images)

A performance de Rafael dos Anjos não impressionou apenas o público que acompanha MMA em geral. Seu próprio treinador, Rafael Cordeiro, responsável direto pela enorme evolução no muay thai do novo campeão dos pesos-leves do Ultimate, reconheceu que não esperava um domínio tão amplo de seu pupilo contra o ex-dono do cinturão da divisão até 70kg, Anthony Pettis, que foi controlado por todo o combate e saiu derrotado por decisão unânime (triplo 50-45), na madrugada deste sábado para domingo, no UFC 185, em Dallas (EUA). Na opinião de seu técnico, foi a maior atuação da vida do niteroiense no MMA.

- Rafael é um tremendo atleta, tenho o maior prazer de trabalhar com ele, trabalhamos forte há 10 anos. Estávamos muito focados nisso aí. A maioria dos meu lutadores entram como azarões e isso para nós é motivo de motivação. Sabemos quão longe podemos ir e, às vezes, é melhor ser azarão porque tira o peso das costas. O Rafael lutou leve, sabíamos como bater o Pettis em todos os sentidos. Eu treinei taekwondo quando criança, fiz vários movimentos que o Pettis faria com o Rafa, ele estava preparado para bloquear os pontapés. Tudo que foi preparado na academia, o jiu-jítsu do  (Roberto) Gordo, a parte técnica, tudo levou a vitória. Ele lutou sem pressão, lutou com o campeão e lutou como campeão. Foi uma dominância de campeão. Com certeza foi a maior atuação da vida do Rafael. Atuação dominante. Não é todo dia que um cara domina o Pettis por cinco rounds - afirmou, em entrevista exclusiva ao Combate.com, logo após a coletiva de imprensa do evento.

A probabilidade de que a primeira defesa de cinturão de Rafael dos Anjos seja contra o vencedor de Donald Cerrone e Khabib Nurmagomedov é grande. Ambos são velhos conhecidos do brasileiro, que venceu o americano, mas foi superado pelo russo, no único revés sofrido nas últimas 10 lutas. Para Cordeiro, uma revanche contra Nurmagomedov é iminente, mas ele garante que seu aluno já sabe o que fazer para neutralizar o jogo de pressão do rival.

- Eu acho que dá o Khabib e vamos fazer a revanche com Rafa para ele tirar o que está engasgado. É luta dura do Nurmagomedov contra o Cerrone, mas acho que o Khabib ganha. Vamos ter que jogar com wrestling em cima e com jiu-jítsu em cima. Agora vamos quebrar ele. É certo. Vamos quebrar esse russo se Deus quiser. Nosso grande momento chegou agora e vamos com tudo.

 Com uma certa surpresa no tom de suas palavras pela clareza da vitória de Rafael dos Anjos, Cordeiro explicou como aconteceu a lesão sofrida pelo campeão dos leves, três semanas antes do combate mais importante de sua vida, que o deixou com o joelho contundido.

- Eu esperava que o Rafael vencesse bem todos os rounds, mas Deus deu mais do que imaginamos esta noite. Vou te falar a verdade: uma coisa que não curto quando termina a luta é quando o cara fala que lutou machucado. Ele lutou machucado, mas não vai se vangloriar por isso. O trabalho dele foi mais forte que a dor no joelho. Não tem nada de "Olha, como ele é guerreiro". Porque neguinho quando ganha ou perde diz que lutou machucado. Ele lutou como campeão, ignorou a dor por três semanas, sem chutar com a perna direita. Ele sentiu na academia, estava treinando com uma caneleira um pouco maior que o tamanho dele, ela escorregou para o pé, e ele virou o joelho. Foram três semanas treinando só mão e bloqueio de chute. Claro que isso me preocupava para a luta, mas a preocupação não era maior do que a motivação na academia. Ele fazia sparring, eu botava os meninos faixas-pretas que tenho lá para fazer sparring com ele com calma, e ele conseguiu fazer toda a preparação só com uma perna - destacou.

Feliz por seus resultados recentes, já que tornou Rafael dos Anjos campeão dos leves do Ultimate, e Fabricio Werdum campeão interino dos pesos-pesados, Rafael Cordeiro considera que este é o seu maior momento na carreira como treinador, mas não se considera o melhor de sua profissão.

- Um momento como esse tive no Pride, mas esse é o meu maior momento. No Pride eu era uma grande peça dentro de uma grande escola. Hoje eu tenho uma grande escola, sou o líder dela, então é meu maior momento. Esse é só o começo, vamos unificar esse cinturão em junho, fazer o douradão brilhar mais ainda, esse é o objetivo. Eu não quero que meu grupo cresça mais do que está, não quero que venha ninguém de fora atrapalhando esse "feeling" da família. As grandes academias quebraram quando receberam muita gente. Nós vamos continuar fechados. Trato os guris como filhos. Prefiro que fiquem só quatro ou cinco, mas como família. Não acho que sou o melhor treinador do mundo porque quem fala isso é arrogante. Estou vivendo um bom momento. Mas amanhã o Dedé (Pederneiras, líder da Nova União) pode vir aí e superar e assim vai. Se ficar entre eu ou Dedé está bom - concluiu.

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