Presidente e porta-voz oficial do UFC, Dana White é conhecido pela sua empolgação em torno das lutas em geral, não só MMA, e por sua hipérbole. Por isso, foi surpreendente quando o dirigente revelou que não gostou da primeira edição do evento que comprou em 2001 e ajudou a tornar numa potência global.
- Eu achei que era loucura. Achei interessante, mas não fiquei fã.
Depois que vi a luta, não gostei e não assisti ao segundo - confessou
White em entrevista exclusiva ao Combate.com, durante a turnê mundial de
promoção do UFC 168, em outubro.
Só alguns anos depois do torneio de 12 de novembro de 1993 que Dana
White se apaixonaria pelas artes marciais mistas, graças aos treinos de
jiu-jítsu com John Lewis, que competiu no UFC 22 e UFC 28, e com o
brasileiro Dedé Pederneiras, que lutou no UFC 21 e atualmente treina
José Aldo e Renan Barão. O dirigente se envolveu com o UFC como agente
de Tito Ortiz e Chuck Liddell e, quando ouviu que o Seamphore
Entertainment Group estava interessado em vender a franquia, juntou os
irmãos Lorenzo Fertitta
Por alguns anos, o UFC praticamente renegou sua história, focando em
estabelecer o MMA como esporte reconhecido pelas comissões atléticas
estaduais dos EUA e em firmar sua marca. Hoje em dia, de contrato
assinado com grandes emissoras de TV aberta nos EUA e no Brasil, a
franquia está se reconectando ao seu passado e, para seu aniversário de
20 anos, convidou alguns dos lutadores e executivos envolvidos em seu
primeiro evento. Entre eles, estará Rorion Gracie, irmão mais velho de
Royce, que foi um dos idealizadores do torneio. Dana White reconheceu
que Rorion pode ser futuramente incluído no Hall da Fama do Ultimate.
- Rorion sempre foi, tipo, Rorion foi esse cara que sentiu que... Eles
fizeram o UFC originalmente para provar que o jiu-jítsu era a melhor
forma de lutar, e ele não concorda muito com como o UFC é agora. Ele
acha que ainda devia ser sem regras. Mas isso não significa que ele não
deva ser reconhecido por ser o cara que começou tudo. Eu aceitaria
colocá-lo no Hall da Fama - afirmou.
Você assistiu ao primeiro UFC 1 ao vivo? Onde você estava na época?
Eu morava em Boston e assisti ao primeiro, sim. Eu era um grande fã de
boxe, mas amava artes marciais e todos os tipos de luta também. As
pessoas estavam falando sobre essa luta sem regras, sem limite de tempo,
e eu fui um dos caras que assistiu.
Qual foi sua opinião do primeiro UFC? Você gostou?
Eu achei que era loucura. Achei interessante, mas não fiquei fã. Depois que vi a luta, não gostei e não assisti ao segundo.
Quando você começou a se interessar pelo MMA e pelo UFC?
Eu assisti ao… Ao… Na verdade, comecei a fazer jiu-jítsu. Comecei a
fazer jiu-jítsu, por volta de 1997 ou 98, e me apaixonei pelo jiu-jítsu,
e foi assim que comecei a me interessar nas artes marciais mistas.
Quem foi seu técnico? Você disse antes que foi um cara que competiu no UFC…
Foi o John Lewis. John Lewis lutou no UFC e tinha uma escola em Las
Vegas, em que ensinava jiu-jítsu brasileiro com Dedé Pederneiras.
Você tem um momento favorito daquele primeiro UFC?
Acho que não tenho um momento favorito, eu lembro apenas que era
loucura. Acho que todo mundo no planeta saiu do primeiro dizendo, "Uau!
Essa luta no chão é inacreditável, e esse Royce Gracie é incrível." Acho
que foi isso que eu realmente tirei do primeiro. Meu foco esteve mais
no Royce do que no resto.
Por que lutadores daquele primeiro UFC, como Gerard Gordeau e Teila Tuli, não aparecem no site oficial do UFC?
É uma boa pergunta! Acho que, quando compramos esta companhia, 13 anos
atrás, nós basicamente começamos o novo UFC, o esporte do MMA, e estamos
focados em construir os novos lutadores, os caras que competem agora.
Não focamos muito no passado.
Eles serão convidados ao aniversário de 20 anos do UFC?
Começamos a convidar alguns dos caras antigos para o evento e até os
executivos que estiveram envolvidos no primeiro UFC, então, sim, alguns
deles serão convidados.
Por que Rorion Gracie não está no Hall da Fama do UFC? Você acha que ele merece estar no Hall da Fama como criador do UFC?
Acho que, agora que estamos chegando ao aniversário de 20 anos, mais
pessoas - está saindo um documentário nos EUA sobre como tudo começou,
muita gente não sabe como começou. E Rorion sempre foi, tipo, Rorion foi
esse cara que sentiu que... Eles fizeram o UFC originalmente para
provar que o jiu-jítsu era a melhor forma de lutar, e ele não concorda
muito com como o UFC é agora. Ele acha que ainda devia ser sem regras.
Mas isso não significa que ele não deva ser reconhecido por ser o cara
que começou tudo.
Então isso significa que você concorda com ele estar no Hall da Fama?
Sim. Sim, eu aceitaria colocá-lo no Hall da Fama.
Você acha que o UFC teria sobrevivido se continuasse do mesmo jeito, arte marcial contra arte marcial, sem classes de peso?
Não sobreviveu. A resposta para isso é não, não sobreviveu. Eles estavam falindo.
Onde você vê o UFC nos próximos 20 anos? Quais são seus objetivos para o UFC nos próximos 20 anos?
Vamos continuar a fazer o que estamos fazendo e desenvolver o esporte
em todos os países por todo o mundo. Em três semanas, começamos o TUF
China. Faremos o TUF no Canadá, vamos levar a diferentes países, e
faremos novos acordos de TV. Acabamos de fechar um no México e em outras
partes da América do Sul também, então vamos continuar desenvolvendo o
esporte por todo o mundo.
Na sua opinião, quem é o melhor lutador dos primeiros 20 anos do UFC?
O melhor lutador dos primeiros 20 anos… Eu teria de dizer que é Anderson Silva.
Por causa do que ele conquistou. Ele nunca perdeu no UFC até perder há
pouco para Weidman. E todas as suas lutas, exceto por uma, foram lutas
valendo cinturão. Ele faz coisas com as pessoas que outros não
conseguem. E ele tem sido um incrível - se você pegar todas suas
conquistas, fisicamente o que conseguiu fazer, e vir o tipo de pessoa
que ele é... Nunca se envolve em encrencas fora do cage, representa o
esporte bem, seu título, sua marca, seu país… Acho que seria difícil
dizer que Anderson Silva não foi o melhor.
Onde Royce ficaria?
Royce é um dos caras que… Royce é quem começou tudo. Sempre vejo Royce
como o pai disso aqui. Há várias razões por que Royce foi o primeiro a
entrar e lutar. Há a discussão entre os Gracies sobre qual Gracie era o
melhor e tal… No fim das contas, Royce é o melhor. Você tem que escolher
Royce. Royce foi o cara que foi lá e lutou. Royce colocou o jiu-jítsu
brasileiro no mapa globalmente, e Royce Gracie foi quem carregou a
bandeira pelas artes marciais mistas pelos últimos 20 anos.
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