sábado, 1 de fevereiro de 2014

Lamas descarta ser 'franco-atirador' contra Aldo: 'Tenho algo a perder, sim'


Para a maioria dos desafiantes, lutar contra um campeão pelo título é um alívio. A pressão está toda sobre o detentor do cinturão em defendê-lo e cumprir as expectativas da torcida. Mas não para Ricardo Lamas, o peso-pena que tenta encerrar o reinado de José Aldo sobre a categoria neste sábado, no UFC 169, em Newark, EUA. O lutador americano garante que prefere entrar no octógono sentindo uma responsabilidade de provar que a oportunidade não veio por acaso.

- Fui a zebra na maioria das minhas lutas e não presto mais atenção nisso. As pessoas dizem que deve ser mais fácil, "você não tem nada a perder"… Tenho algo a perder, sim. Posso perder a oportunidade de ser campeão mundial. É uma coisa enorme que posso perder, e não vou deixar isso escapar pelas minhas mãos. Vou entrar lá e lutar como se eu estivesse perdendo o cinturão se eu perder - afirmou Lamas durante o "Media Day" do UFC em Nova York, na quinta-feira.

O peso-pena tem um bom argumento. Grande parte dos lutadores que saem derrotados de uma luta valendo cinturão jamais voltam a disputá-lo. Às vezes, mesmo vencer os demais concorrentes de forma avassaladora e consecutiva não é o suficiente para receber outra chance; basta olhar para Chad Mendes, que enfileirou cinco oponentes desde sua derrota por nocaute para José Aldo, e mesmo assim pode não ser o próximo desafiante número 1 se o brasileiro permanecer com o cinturão sob sua posse. Por isso, Lamas está aproveitando sua semana sob os holofotes o máximo que pode.

- É uma vez na vida. É engraçado, porque normalmente na semana da luta fico muito nervoso, mas desta vez, estou bem relaxado e aproveitando o momento. Tenho toda essa atenção em mim. Um dia, todas essas câmeras não vão mais estar em mim e ninguém mais vai me fazer perguntas, então estou apenas absorvendo tudo. A quantidade de mídia que fiz nesta semana foi incrível. Minha cabeça estava girando de tantas perguntas que me fizeram. É parte do trabalho. Espero que eu faça isso cada vez mais, adoraria que isso se tornasse um problema na minha vida - disse o lutador.

Para garantir que a atenção da mídia continue sobre ele, Lamas sabe que precisa derrotar Aldo e se tornar o campeão. Para isso, aposta numa estratégia meticulosa para deter o brasileiro.

- (Tenho que) Anular seu jogo, levá-lo aonde ele não fica confortável, mantê-lo andando para trás, não deixá-lo me pressionar, encurtar a distância para tentar eliminar seus chutes na perna, e, se eles vierem, ou tenho que sair do caminho, ou defendê-los. Acho que se eu defender alguns de seus chutes, ele não vai querer jogá-los mais, e seus chutes baixos são algumas de suas maiores armas. Além de ser eu mesmo, esse é o segredo para vencer - contou.

Uma coisa é clara: Lamas não vai se intimidar pelo cartel impressionante de José Aldo. O americano expressou uma admiração antiga pelo brasileiro, que vem desde que ainda lutava como peso-leve no WEC, mas acrescentou que pretende encerrar a luta logo nos primeiros rounds. A inspiração de sua confiança vem de seu pai, um homem que deixou Cuba aos 23 anos após lutar contra o regime comunista de Fidel Castro e ser ameaçado de morte.

- Isso vem da minha criação. Meu pai, quando eu cresci, ele era mais baixo que eu, mas era um homem que não fugia de ninguém, não importa quão grande ou forte fosse. As coisas pelas quais ele passou em Cuba… Esse foi um cara que teve armas apontadas para ele e disse para a pessoa "enfiar essa arma" em algum lugar. É assim que eu sou. Vejo José Aldo como somente mais um homem, e não vou me intimidar por sua fama ou por seu nome - concluiu.

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