segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Aldo não vê evolução em Chad e diz merecer maior valorização financeira

José Aldo é o protagonista desta semana no mundo do MMA. O lutador manauara, único brasileiro campeão do Ultimate no momento, colocará o cinturão dos penas (até 66kg) em jogo no UFC Rio 5, ou UFC 179, que será realizado neste sábado, no Maracanãzinho. O adversário é um velho conhecido: Chad Mendes. O americano foi nocauteado por Aldo com uma joelhada em janeiro de 2012, também no Rio, e desde então conquistou cinco vitórias em cinco lutas, quatro delas por nocaute ou nocaute técnico. Mas o campeão, que por sua vez teve três triunfos em três duelos desde o primeiro encontro com Chad, não enxerga evolução no oponente.- Não vejo diferença nenhuma. Para mim, ele continua a mesma pessoa, com o mesmo jogo. Ele pode ter aumentado a confiança, aí sim, mas de evolução mesmo não vejo algo que eu possa dizer: "Ah, o cara está muito bem em pé". Não. Ele nunca pegou um striker (que luta em pé, trocador), foi lá e fez uma luta de três rounds com o cara. Então, não posso falar que ele está tão bem em pé. Lá dentro a gente vai ver quem evoluiu mais - disse, em entrevista ao Combate.com e a mais dois veículos após treino na Nova União.

Com personalidade forte, Aldo não foge quando o tema é a valorização dos atletas, que ficou ainda mais em evidência após as duras críticas de Wanderlei Silva ao UFC. O lutador da Nova União até pondera que é um assunto difícil de se comentar pelo fato de ser funcionário da organização, mas afirma que merece, sim, uma valorização financeira maior do evento:

- (Valorização) Financeira não só eu, mas outros atletas também merecem. A gente dá muito para a empresa, e acho que não é tão valorizado quanto deveria. A gente não tem esse valor devido. Vi isso acontecer no passado, os atletas eram muito valorizados, e a empresa não era tão grande. Hoje em dia a empresa está muito grande e desvalorizou muito os atletas.

José Aldo reconhece que a troca de farpas com Chad Mendes e o empurrão que deu no americano durante uma encarada ajudaram a chamar atenção para o evento deste sábado, e vibra com a chance de lutar novamente no Rio de Janeiro, desta vez no Maracanãzinho - a primeira foi na Arena da Barra. O campeão ainda faz uma análise da atual situação do MMA brasileiro e diz acreditar que a má fase em relação aos cinturões do UFC é passageira.

A seguir, veja a entrevista com José Aldo por tópicos:

Mais à vontade lutando no Rio?
"(Risos) Sempre, né? A gente se sente muito bem, já conhece o clima, conhece tudo. Então, a gente fica mais tranquilo. Lógico que na minha carreira toda nunca escolhi luta, mas lutar em casa é ótimo. Ter o apoio da torcida conta muito. Sem contar que a porcentagem de vitória quando se luta em casa é bem grande".

TJA (Torcida José Aldo) vai estar em peso no ginásio?

"Com certeza. A gente está fazendo campanha. Todo mundo está adquirindo suas camisas. Espero que todo mundo esteja lá, vibrando e torcendo. Com certeza a gente vai chegar lá e vencer".

Lutar no Maracanãzinho

"Fico orgulhoso. Acompanho a história do MMA, e na época do vale-tudo o Maracanãzinho teve grandes lutas. Hoje em dia fazer a luta principal para mim é motivo de orgulho. Mas, lógico, a gente tem que estar concentrado e olhando para a luta. Isso fica para a história, mas tem que chegar lá dentro e vencer".

Evolução sua e de Chad Mendes após a primeira luta

"Todo atleta tem que procurar evolução. Não só o José Aldo, mas todos os atletas, porque o esporte vem crescendo e você tem que acompanhar isso. Se melhorou, isso fica para vocês, que são jornalistas. Mas a gente, que é lutador, conhece e sabe como é, se o atleta evoluiu ou não. Não vejo diferença nenhuma. Para mim, ele continua a mesma pessoa, com o mesmo jogo. Ele pode ter aumentado a confiança, aí sim, mas de evolução mesmo não vejo algo que eu possa dizer: "Ah, o cara está muito bem em pé". Não. Ele nunca pegou um striker, foi lá e fez uma luta de três rounds com o cara (Nota da redação: Chad nocauteou Cody McKenzie, Yaotzin Meza, Darren Elkins e Clay Guida). Então, não posso falar que ele está tão bem em pé. Lá dentro a gente vai ver quem evoluiu mais".

Escassez de cinturão no Brasil é passageira?


"(Risos) Espero que sim, né? A gente perdeu um pouco de espaço, mas o brasileiro tem um talento enorme e tem tudo para futuramente conquistar os cinturões de novo. Torço para isso também. Que a gente possa sempre estar disputando entre os melhores. Tem a minha disputa, depois a do Werdum (Fabricio, que encara Cain Velásquez no UFC 180), depois o Vitor (Belfort, que é o próximo rival de Chris Weidman), então sempre temos grandes possibilidades de conquistar cinturões. Acho que isso é uma fase. Passando isso, pode mudar e a gente pode dominar de novo o Ultimate".

Motivo da crise

"Para mim, isso é uma coisa natural. Faz parte. A gente já passou por isso antes. Já teve grandes campeões, depois passou por uma fase de seca. É a transição. Minha geração está assumindo agora. A geração passada fez muito, com Minotauro, Wanderlei, Anderson Silva... É uma troca de bastão. Às vezes demora até surgirem outros atletas duros. Se Deus quiser futuramente a gente vai ter vários outros campeões".

Vender lutas

"Para mim é tranquilo. Não vejo problema algum. A gente sempre procura, sim, dar uma esquentada hoje em dia. Se minha luta contra o Chad Mendes não tivesse uma troca de farpas, não teria um interesse tão grande da mídia e dos fãs. Ando na rua, e os fãs me pedem para vencê-lo. Se não tivesse isso (troca de farpas), não teria nada disso (interesse do público). Seria aquela coisa: "Ah, todo mundo já sabe. O campeão vai bater nele de novo. Já bateu uma vez e vai bater mais uma". Então é bom dar uma esquentada, porque assim a gente ganha um espaço bom".

Vai esquentar ainda mais às vésperas da luta?

"Não, já passou dessa fase. A gente já vendeu o que tinha de vender. Mas acho que ainda não, porque ainda tem o pay per view (risos). Então, espera aí! A gente tem que dar uma esquentada sim, mas acho que não vai ter nada de mais. A gente é profissional, sabe o que tem que fazer. Nós vamos lutar, depois volta tudo ao normal".

Merece maior valorização financeira?

"Financeira não só eu, mas outros atletas também merecem. A gente dá muito para a empresa, e acho que não é tão valorizado quanto deveria. A gente não tem esse valor devido. Vi isso acontecer no passado, os atletas eram muito valorizados, e a empresa não era tão grande. Hoje em dia a empresa está muito grande e desvalorizou muito os atletas. Se você está bem, está sendo valorizado. Mas, se perde umas três, é mandado embora. Tem esse lado também. É uma coisa difícil de falar. Hoje a gente vê o Wanderlei (Silva) brigando, o Dana (White) falando de valores. É fogo falar. Querendo ou não, sou um empregado deles, estou na empresa e tenho de ver esse lado também. Mas a gente procura sempre a valorização. A gente não ganha por mês, então depende de estar lutando. A gente procura sempre dar o máximo nos treinamentos para chegar lá dentro e corresponder. Assim, arrecadar milhões para a empresa. A gente queria que esses milhões fizessem parte da gente também".

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