quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Técnico de Lamas decreta: 'Estratégia vai falar mais alto' contra José Aldo

UFC Ricardo Lamas (Foto: Evelyn Rodrigues)

Quando entrar no octógono para disputar o cinturão peso-pena no próximo sábado, no coevento principal do UFC 169, em Newark, EUA, Ricardo Lamas tentará fazer o que outros sete homens tentaram e fracassaram: destronar José Aldo do topo da categoria. O brasileiro reina sobre a divisão desde 2009, quando conquistou o título do extinto WEC, e defendeu a coroa desde então, derrotando sucessivamente Urijah Faber, Manny Gamburyan, Mark Hominick, Kenny Florian, Chad Mendes, Frankie Edgar e Chan Sung Jung. Para completar a missão, Lamas conta com um diferencial simples, de acordo com seu treinador de muay thai, César Carneiro: a estratégia. - Ninguém ganhou de José Aldo ainda, respeito muito esse cara, não só por ser brasileiro, mas por ser um atleta muito focado. Mas todo mundo está preparado. O que vai contar na hora e falar mais alto é a estratégia. Sem desmerecer os outros técnicos e outros times, mas não consigo ver ninguém entrando com uma estratégia para ganhar do José Aldo, só vejo eles tentando botar para baixo. A estratégia deles é botar José Aldo para baixo. José Aldo já treina até sabendo o que vão tentar fazer: vão botar ele pra baixo! Às vezes até colocam ele no chão, mas não conseguem segurar! Esse é o problema… Às vezes não têm jiu-jítsu suficiente, ou aquele treinamento para realmente segurar o cara, fazer ele espernear, aguardar um pouquinho e começar a trabalhar. Os caras não sabem fazer isso aqui. Querem dar queda no final do round para poder contar ponto. É só isso que eles têm para fazer, aí estão meio cansados no final e querem trocar com o José Aldo, e aí ele é dureza - argumentou Carneiro, em entrevista por telefone ao Combate.com.

O plano de jogo de Lamas para enfrentar o campeão vem sendo trabalhado exaustivamente desde o início do camp, há dois meses. Carneiro e Daniel Valverde, cabeças da academia MMA Masters em Miami, fazem o americano de origem cubana praticar exclusivamente movimentos que pretendem usar na luta, e exigem respeito e atenção ao detalhe na execução.

- É toda uma estratégia minuciosa. Eu nunca subestimo um atleta. Eu e Daniel pregamos estudo, estudamos todo o jogo do cara e, para refrescar a cabeça, revejo todos os dias antes de dar aula para eles. Aqui, eles não podem entrar e fazer o que quiserem, não. Nós já sabemos como eles vão começar o round, é tudo estudado. Você vai fazer assim, assim, assim, aí quando passar, eu vou te falar para fazer isso, isso e isso. É tudo no cronômetro, tudo certinho, não pode errar. Igual robozinho mesmo. É que nem um bom filme: tem que ter um bom início, um bom meio e um final maravilhoso.

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Se parte do "relatório" em cima de José Aldo é que ele é mais perigoso em pé do que no solo, outra observação feita frequentemente por seus adversários é que ele cansa com o decorrer da luta. O campeão dos pesos-penas calou essas afirmações até aqui, vencendo quatro lutas que foram até o quinto round e mais uma por nocaute técnico no quarto período. Carneiro diz que reparou numa mudança de movimentação do manauara a partir do terceiro round e que isso está contemplado em sua estratégia, mas avisou: seu pupilo também pode acabar com uma luta em instantes, que nem o próprio Aldo.

- No final do segundo round, quando um cara dá uma puxada no ritmo com ele, e vai para o terceiro, ele já não movimenta igual, movimenta mais o corpo do que as pernas mesmo, e ele contra-ataca mais, não ataca tanto. Isso daí tudo, a gente já viu, mas vou te falar, desde o início do round mesmo, se ele der mole em qualquer coisa, Ric pode finalizar. Ric é um cara muito perigoso. Nós contamos tanto com o fato de Ric ser perigoso, quanto com a estratégia que é feita em cima disso, do que ele vai fazer no primeiro, segundo, terceiro e quarto rounds. Ric pode finalizar no início da luta, ele também é explosivo - analisou.

É claro que, quando um lutador atinge o status de José Aldo, técnica e estratégia podem dar passagem a um terceiro fator em questão de importância: o psicológico. Isso foi visto muito com Anderson Silva, que derrotava oponentes no UFC mentalmente com sua aura de invencibilidade antes mesmo de entrar no cage, até Chris Weidman romper a barreira mental e derrubá-lo. César Carneiro reconhece que o mesmo está acontecendo com o brasileiro, mas garante que, se alguém tem a solidez psicológica para não se abalar pela mística do "Scarface", é Ricardo Lamas.

- Primeiro, os caras vêm sem estratégia, e segundo, os caras já vão pensando, "Vou lutar com o melhor do mundo", e isso sobe à cabeça do atleta. Isso, aqui, a gente não faz. A gente conversa com Ric e nossos atletas todos os dias - antes, durante os treinos. Todo mundo é ser humano e tem as falhas. Se você pegar, você vai finalizá-lo como você finaliza qualquer um. Ele não é invencível. Ele chegou até aí, mas ele também sai daí. A gente praticamente faz uma lavagem cerebral. Mas não só isso, com estratégia, que deixa o atleta mais forte ainda. E ele realmente é um cara frio, não se intimida com ninguém, sabe que um dia todo mundo vai morrer e é de carne e osso - conclui o treinador.

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