Mexeu com o jiu-jítsu, mexeu com Rafael dos Anjos. Conhecido por seu estilo tranquilo e pacato, o peso-leve brasileiro saiu um pouco da rotina para defender suas raízes. Tudo por causa de uma provocação antiga do russo Khabib Nurmagomedov, seu adversário de sábado, à arte suave. Antes de nocautear Thiago Tavares em São Paulo, em janeiro de 2013, Khabib levou muitas vaias da torcida local ao subir ao palco da pesagem vestindo uma camisa com os dizeres "se sambô fosse fácil, se chamaria jiu-jítsu", também enaltecendo a luta tradicional da Rússia. Para Rafael, é mais um fator motivacional para ir em busca da sexta vitória consecutiva no octógono: - Eu respeito muito os lutadores de sambô. Respeito todas as artes marciais, e o Royce Gracie já mostrou para o mundo o quão importante é o jiu-jítsu. Ele é um garoto novo, tem muito a aprender ainda. Acho que ele vai passar a respeitar depois desta luta - declarou, em entrevista ao Combate.com no hotel dos atletas em Orlando, nos EUA.
Dos Anjos tem consciência de que vai pegar uma pedreira, afinal, Nurmagomedov tem só 25 anos e um incrível cartel de 21 vtriunfos em 21 lutas, sendo que as cinco últimas foram no UFC. Mas ele pensa que a empolgação e a expectativa em cima do russo estão exageradas:
Dos Anjos tem consciência de que vai pegar uma pedreira, afinal, Nurmagomedov tem só 25 anos e um incrível cartel de 21 vtriunfos em 21 lutas, sendo que as cinco últimas foram no UFC. Mas ele pensa que a empolgação e a expectativa em cima do russo estão exageradas:
- É difícil você fazer 21 lutas e continuar invicto, fazer cinco no UFC
e continuar invicto. Ele é um cara duro, mas acho que está demais. Tem
outros caras mais duros aí, que vêm mostrando trabalho. Mas agora vou
bater de frente com ele, e a chapa vai esquentar (risos).
A chateação de Rafael é pelo fato de o duelo contra Nurmagomedov estar
no card preliminar, o que foi uma surpresa para a maioria dos fãs. No
mais, ele se mostrou muito confiante para sábado, disse que vive o
melhor momento da carreira e que o vencedor do combate vai merecer uma
chance de disputar o cinturão dos leves (até 70kg) do Ultimate. A
seguir, veja a entrevista com Rafael dos Anjos na íntegra:
COMBATE.COM: Depois de alguns altos e baixos, você está firme na categoria, ladeira acima. É o melhor momento da sua carreira?
RAFAEL DOS ANJOS:
Estou em quinto no ranking e venho de cinco vitórias seguidas. Com
certeza é o meu momento, e acho que vou continuar nessa sequência de
vitórias. Meu foco agora é o cinturão, é o meu destino. Até lá vou
continuar nessa caminhada forte.
Ficou chateado pelo fato de a luta contra o Nurmagomedov estar no card preliminar?
Fiquei (risos). Achava que poderia ser até um co-main event, como foi
da última vez. Mas me explicaram uma coisa: os canais que transmitem o
card preliminar têm que estar com lutas boas também. Por isso que o
preliminar tem eu, Thiago Pitbull...
Esta luta pode definir o próximo desafiante ao cinturão, depois do Gilbert Melendez?
Eu espero que o vencedor desta luta lute pelo cinturão. Tanto eu quanto
o Khabib estamos vindo bem. A gente merece uma chance. Nunca teve russo
campeão do UFC, nem brasileiro campeão no peso-leve, então seria uma
chance boa.
Você tinha aceitado o duelo contra o Rustam Khabilov achando que era o Khabib Nurmagomedov.
E, após a lesão do primeiro, o destino quis que você realmente
enfrentasse o Khabib. Como reagiu quando soube da mudança de adversário?
Era uma luta que eu achava que fazia mais sentido (contra
Nurmagomedov). Não só eu, como todo mundo. O Khabilov é um atleta
duríssimo, mas chegou agora, só tem três lutas no UFC. Eu estou no UFC
desde 2008, tenho 13 lutas e achava, sim, que o Khabib era uma luta que
fazia mais sentido. Nós estamos em rota de colisão. Meu empresário (Ed
Soares) ligou, aceitei achando que era o Khabib. Até ele (Ed) achou que
era o Khabib, mas aí rolou essa confusão. Beleza, eu lutaria do mesmo
jeito, mas por ironia do destino o Khabilov se machucou e entrou o
Khabib. Agora a gente vai tirar essa diferença.
O Nurmagomedov já usou uma camisa que dizia "se sambô fosse
fácil, se chamaria jiu-jítsu". Você, que é cria da arte suave, acha que
ele foi desrespeitoso?
Com certeza. Eu respeito muito os lutadores de sambo. Respeito todas as
artes marciais, e o Royce Gracie já mostrou para o mundo o quão
importante é o jiu-jítsu. Ele é um garoto novo, tem muito a aprender
ainda. Acho que ele vai passar a respeitar depois desta luta.
Você acredita que ele só quis talvez chamar a atenção?
Hoje em dia, os lutadores estão usando muito essas armas para conseguir
boas lutas. O Sonnen disputou cinturão três vezes só falando. A galera
às vezes começa a tentar imitar.
Ele também te provocou diretamente ao fazer uma montagem do chocolate "Raffaello" com seu rosto na embalagem. Como reagiu a isso?
Quando ele se aposentar, já vai ter outra profissão. Pode trabalhar com
Photoshop. Foi bem, o trabalho foi bem feito. Mas é isso, é o jeito de
ele aparecer, trazer uma atenção para a luta. Tudo é válido.
Seu companheiro de categoria Edson Barboza acha que é uma questão de tempo até o Brasil conquistar o cinturão dos leves do UFC. Você concorda?
É questão de tempo. A galera está chegando. É uma categoria que nunca
foi tradição do Brasil, mas agora a gente está chegando. São atletas
duríssimos, e já já esse cinturão estará vindo para a gente.
O Nurmagomedov é tratado por muitos como um fenômeno. Acha que existe uma empolgação exagerada em cima dele?
É difícil você fazer 21 lutas e continuar invicto, fazer cinco no UFC e
continuar invicto. Ele é um cara duro, mas acho que está demais. Tem
outros caras mais duros aí, que vêm mostrando trabalho. Mas agora vou
bater de frente com ele, e a chapa vai esquentar (risos). A gente está
treinando duro. Estou com dois camps de luta, um em cima do outro. Eu
vinha treinando para uma luta, que foi cancelada, e emendei em outra.
Estou na melhor forma da minha vida e vou ganhar essa com certeza.
Acredita que o Donald Cerrone, por exemplo, que é um cara de quem você ganhou, é até mais duro do que o Khabib?
Acho que sim. O Cerrone foi um dos caras mais duros que já enfrentei.
Depois de eu ter dado uma blitz nele no primeiro round, ele ainda
continuou vindo forte nos dois últimos. Vamos ver, estou esperando
passar esta luta. Com certeza vai ser bonito.
O Brasil vai acabar então com essa invencibilidade do russo?
Vai. Tudo tem sua primeira vez. Eu tive minha primeira derrota, e acho que ele vai ter a dele também.
Como você vê a categoria dos leves após o anúncio do TUF 20? Pettis e Melendez vão lutar só em dezembro.
Acho que o TUF deu uma prendida na categoria. O Melendez perdeu uma
disputa de cinturão (para Ben Henderson), ganhou do Diego Sanchez e já
vai fazer o TUF e lutar pelo cinturão de novo. Ou seja, é difícil de
entender. Eu penso que ele teve a chance dele. Agora teria que deixar
outra pessoa que está vindo mais embalada ter a chance também. Mas não é
assim que o UFC pensa. Eles sabem o que estão fazendo. E acho que, pelo
volume de jogo, o Melendez ganha essa luta.
Você evoluiu muito na trocação. Fale um pouco sobre esse seu crescimento.
Acho que minha parte mais fraca é a parte em pé. Treino jiu-jítsu desde
que tenho 9 anos, há 20 anos, pois tenho 29. Meu jiu-jítsu deu até uma
caída, pois no MMA é muito difícil você manter todas as modalidades em
cima. Às vezes você treina um pouco mais de uma coisa, melhora, cai em
outra. Treinei jiu-jítsu por muito anos e venho fortalecendo meu muay
thai com o Rafael Cordeiro. Tenho tido êxito, consegui evoluir bastante.
Mas sempre estou achando que está ruim e que dá para melhorar. Tenho
uma autocrítica muito grande. Acho que por isso eu tenho conseguido me
desenvolver bastante.

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